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Antigo Testamento / Eclesiastes 24
    ASSOCIAÇÃO JESSE DE ARAÇATUBA
“JESUS É O SENHOR”
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ESTUDO VINTE E QUATRO
 
 ECLESIASTES
 
 PALAVRA-CHAVE:  Vaidade
VERSÍCULO-CHAVE: 1,2
 
 
       A primeira vista este livro parece ser pessimista e desencorajador, mas é um livro extremamente atual. Parece que o autor estava vivendo nos nossos dias! Isto se deve, é claro, à infinita sabedoria de Deus, que inspira homens a escrever coisas, há anos atrás, mas que são sempre verdadeiras, não mudam com o tempo.
       Eclesiastes (Ekklesia) é a tradução grega para Qohelet, o nome em hebraico. Em Eclesiastes 1:1, o autor se refere a si mesmo como o “congregante ou assembleísta” (algumas traduções trazem como ‘o pregador’). No idioma hebraico, esta palavra é Qo·hé·leth, e na Bíblia hebraica o livro recebe esse nome. A Septuaginta grega dá o título de Ek·kle·si·a·stés, que significa “um membro de uma eclésia (congregação; assembléia)”, do qual deriva o nome português Eclesiastes.
       A grande maioria dos estudiosos afirma que não é Salomão o autor do livro, mas um sábio provavelmente de Jerusalém, inconformado com a realidade do tempo, que participava das reuniões dos sábios, na qual à luz da fé, discutiam-se a situações do povo e os problemas da vida da comunidade. A pessoa que escreveu o livro apresenta-se como Qohelet (1,12) Qohelet é uma palavra hebraica que significa comunidade ou alguém que fala pela comunidade ou que dirige a palavra.
       Qohelet se apresenta como filho de Davi (1,1). Naquele tempo era comum uma pessoa esconder-se atrás de figuras importantes e significativas do passado para comunicar sua mensagem e a tradição israelita considera Salomão como patrono, modelo da literatura sapiencial. Usa isso como um recurso literário. Por ser este, um livro sapiencial, Qohelet usa o método dos sábios de Israel. Os sábios não davam tudo pronto, levavam as pessoas a participarem no processo da descoberta da verdade. Faziam com que eles mesmos fossem descobrindo as coisas.
       Ele escreveu o livro durante um tempo de exploração interna e externa no século III (entre 300 e 200 a.C.) bem depois do exílio de babilônia, quando Israel estava sob o domínio dos gregos. Era um tempo, que não deixava esperanças de futuro melhor para o povo. Num mundo sem horizontes, ele fez um balanço sobre a condição humana, buscando apaixonadamente uma perspectiva de realização.
       O livro resume toda a vida como uma grande vaidade. O termo traduzido por vaidade é hebel, que significa sopro, e, por translação, o que não tem substância, vazio, oco, nada. Pode ser traduzido como sopro ligeiro, suspiro leve, ou então, vazio completo, total falta de sentido, nada de nada. Quando o autor se refere à vaidade, quer dizer que é algo totalmente sem sentido, vazio, que não leva a nada.
       Para se ler este livro, é preciso ter em mente a visão de alguém que está buscando o sentido da vida nas coisas naturais. Passa por todo tipo de experiência em busca da felicidade e chega à conclusão de aquele que põe sua esperança nesta vida, só sofre desilusão (1 Co 15,19). Mostra o quanto é vã a esperança de quem se apóia nas estruturas injustas do mundo e nos exorta a abrirmos nossos olhos para que não sejamos decepcionados por colocar o melhor de nós, de nossa força, intelecto, saúde em coisas que são como ‘sopro’, vazias e ocas.  A palavra vaidade, no dicionário, significa qualidade do que é vão, instável ou de pouca duração; presunção ridícula; ostentação; fatuidade; jactância; vanglória; futilidade. Estas características definem este mundo em que vivemos, onde a aparência, o status, o dinheiro, coisas que são efêmeras, regem os conceitos de sucesso.
DIVISÕES DO LIVRO:1) 1, 3-11 – prefácio – retorno cíclico das coisas
2) 1,12 – 2,26 – autocrítica - resultado de suas experiências, que conclui pela inutilidade dos esforços do homem para fugir de sua condição.
3) 3,1- 6,12 – limites da realidade humana – resultado de suas observações, toma consciência da relatividade da vida.
4) 7,1-12,7 –mistérios – reflexões sobre sabedoria e vários temas da vida.
5) 12,8-14 – conclusão –
 
               LIÇÕES DESTE LIVRO:
a)       A futilidade do modo de vida do homem: apresenta a busca desenfreada do homem por coisas que ‘aparentam’ trazer a felicidade, mas que por sua efemeridade, só trazem decepção. É como tentar ‘pegar o vento’ (2,11), ou seja, um esforço tremendo para correr atrás do vento, que a toda hora muda de direção e intensidade, mas quem consegue pegá-lo? Assim, ele demonstra que tentou experimentar de tudo o que este mundo oferece com promessa de satisfação e felicidade (2,10). Buscou no conhecimento acadêmico- sabedoria humana- (1,16-18); depois buscou no prazer das festas e diversões (2, 1-2); no álcool  (2,3); nas grandes realizações humanas e no trabalho (2,4-6); em ter muitos empregados para servi-lo (2,7); na riqueza e status (2, 7-8ª); no sexo (2, 8b) e depois de experimentar tudo, inclusive a fama e o sucesso segundo este mundo, concluiu que nada disso podia fazê-lo feliz e que havia desperdiçado sua força e cansaço em coisas passageiras e que não lhe aproveitaria em nada, principalmente diante da perspectiva da morte, que vem para todos e iguala a todos (2, 15-17).
b)       Porque a vida é frustrante: Não há nenhuma realização, nada de novo, tudo é uma sucessão de acontecimentos sobre o qual não se tem controle. Por exemplo, este avião da TAM que caiu recentemente em congonhas. Quem poderia imaginar que aquele vôo, naquele dia, teria este fato trágico? Ou um tsunami, ou um terremoto, ou um acidente de carro? (1, 3-11). É por isso que ele define que há um tempo para todas as coisas (3,1-8). Há muitas coisas importantes sobre as quais não temos nenhum domínio e é frustrante isso para o homem, estar à mercê de forças externas que não podemos mudar ou controlar. Por mais que ele faça nunca se satisfará com as coisas deste mundo (6,7).
c)        O mesmo destino para todos: Todos vão morrer e na morte somos todos iguais (9,1-3).  Como diz o ditado, debaixo da terra, todos fedem igual. Quem não tem a esperança da vida eterna, é comparado a um animal (3,18-21). Por mais que uma pessoa faça, um dia ela morrerá e será esquecida. A vida continuará (2,16). Que tristeza e frustração para quem não crê. Tudo o que construiu um dia será de outra pessoa, sua fama, sua beleza, suas realizações, irão para debaixo da terra e virará pó. Logo virão outras pessoas, que farão novas coisas e assim o ciclo continua. E de que valeu todo esforço para enriquecer, se embelezar, ter fama? O rico e o pobre vão morrer do mesmo jeito, assim também o inteligente e o néscio, o feio e o bonito, o famoso e o desconhecido. Veja um atleta: esforça-se terrivelmente para alcançar uma medalha, quebrar um recorde e assim que aquela competição termina, ou que o recorde seja quebrado por outro atleta, aquele será esquecido. Quem se lembra do campeão olímpico de natação em 1992? Tudo isso é passageiro, é como o vento que se esvai rapidamente...
d)       Injustiça: Se há algo que não devemos esperar é justiça neste mundo. Nem sempre aquele que merece é o premiado, nem sempre o que tem melhores condições é que ocupa a vaga no emprego, o que vemos é a impunidade dos criminosos e muitas vezes o justo sofrendo (8, 10-14). Mostra a exploração do poder econômico e o suborno das autoridades, (5,7); as estruturas injustas (3,16); a competição cega e a concorrência desleal (4,4); os que enriquecem graças ao trabalho alheio (5,9-11); o abuso do poder político (8,3-5); enfim, pode-se perceber que toda a estrutura política e econômica deste mundo, jamais trará justiça e os que põem sua esperança na justiça desta terra, correm atrás do vento. Isto não significa que não devemos ser justos, ou lutar pela justiça, mas apenas que não podemos confiar nos homens para que a justiça seja feita (Jr 17,5).
e)       Sabedoria para viver a vida: Deus é absolutamente bom. Deus é amor. Ele quer que sejamos felizes, que tenhamos a “vida em abundância”. O autor, depois de tantas buscas, depois de levantar o problema nos corações dos ouvintes e levá-los a uma reflexão sobre o quanto esta vida é passageira, e que, portanto, não vale à pena nos desgastarmos por ela, mostra que Deus quer que desfrutemos da vida sem colocar nela nossa felicidade. A vida em si é boa, é dom de Deus (3,12-13). O cristão sabe que sua alegria e felicidade estão no Senhor, sabe que sua salvação vem de Deus, e, portanto, pode usufruir da vida sem se tornar escravo dela (5, 18-20). Deus fez os bens para o serviço do homem e não o homem para o serviço dos bens. Vemos que o rico cobiçoso, é escravo da riqueza e tem tal medo de perdê-la, que não dorme à noite, pois sabe que qualquer evento contrário, um mau negócio, uma mudança na economia, na política do país, pode fazê-lo perder o que tem (5, 9-16). Vive escravo da riqueza e de manter ou aumentar o que tem. O cristão sabe que Deus é o que governa sua vida e que, ganhando ou perdendo, o Senhor continua o mesmo. É Deus quem lhe provê o sustento, abençoando o trabalho de suas mãos (2,24-26; Fp 4,19; Sl 126(127),2). Quando vejo a vida como o máximo, sempre sofro abatimento porque ela nunca me dá o que busco. Mas quando eu simplesmente gozo as atividades da vida em si mesmas e não espero nenhuma satisfação maior delas, então posso experimentar a alegria que elas dão.
       O autor conclui desmontando as ilusões que um determinado sistema de sociedade apresenta como ideal (riqueza, poder, ciência, prazeres, status social, trabalho para enriquecer etc.) e coloca uma pergunta fundamental: "Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga debaixo do sol?" (1,3). Em vez de cair no desespero, descobre duas grandes perspectivas: Primeiro, descobre Deus como Senhor absoluto do mundo e da história, devolvendo a Deus a realidade de ser Deus. Depois, descobre o Deus sempre presente, fazendo o dom concreto da vida para o homem, a cada instante e continuamente. Isso leva o homem a descobrir que a própria realização é viver intensamente o momento presente, percebendo-o como lugar de relação com o Deus que dá a vida. Intensamente vivido, o momento presente se torna experiência da eternidade, saciando a sede que o homem tem da vida. Em resumo, isto é gratidão. Vive bem sua vida, aquele que sabe ser grato a Deus por tudo o que tem e recebe. E porque é grato, usufrui o que recebeu com alegria, sabendo que é dom de Deus.
Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Tes 5,18).
 
QUESTIONÁRIO
 
1.       O que significa o nome do livro em hebraico e grego?
2.       O que significa a palavra hebel?
3.       Quem é o autor do livro e quando foi escrito?
4.       Qual o significado da palavra vaidade, na língua portuguesa?
5.       Baseado neste significado, cite exemplos de coisas e situações que se encaixam no termo ‘vaidade’.
6.       O que é ter sucesso no mundo em que vivemos?
7.       Alguma vez você já se sentiu pressionado a buscar o sucesso como o mundo nos apresenta?
8.       Quais as divisões do livro?
9.       Quais as lições deste livro?
10.    Como podemos gastar nossa vida em coisas fúteis?
11.    Porque para muitas pessoas a vida se torna frustrante e se tornam tristes e desanimadas?
12.    Você já se sentiu frustrado, desanimado com este mundo? Por quê?
13.    Explique com suas palavras o que é ter um mesmo destino para todos.
14.    Compare as injustiças que havia no tempo do eclesiastes com as que temos agora.
15.    Como devemos viver a vida?
16.    Qual o sentido da vida para você? O que realmente vale à pena?
17.    Porque devemos dar graças em todas as circunstâncias?
18.    Diga o que mais marcou você neste livro.
19.    Você pode testemunhar como era o sentido da sua vida antes e depois de conhecer a Jesus?
20.    Pesquise e discuta com seus irmãos de grupo como o mundo tem tentado nos desviar com falsas ilusões de felicidade. Testemunhe se você já foi enganado alguma vez.