Na ocasião, com a imposição do barrete vermelho nos pastores provenientes dos cinco continentes, 20 novos cardeais foram criados — dos quais, dois são brasileiros, Dom Leonardo Steiner, arcebispo metropolitano de Manaus, e Dom Paulo Cezar, atual arcebispo de Brasília, respectivamente.

“Este, irmãos e irmãs, é o fogo que o Senhor veio jogar sobre a Terra, o fogo de Jesus”, disse o Papa Francisco no início da cerimônia. “Proximidade, compaixão e ternura farão com que muitos gozem da presença de Jesus vivo entre nós”, acrescentou.

No rito, após impor o barrete cardinalício a todos os novos cardeais, o papa entregou o anel e atribuiu-lhes o Título ou Diaconia. Muito eloquente, em seu discurso o Sucessor de Pedro reforçou a fé e todos aqueles que compõem a Igreja, dos jovens aos mais idosos. “O lar da memória, a brasa dos mais velhos é muito importante, as famílias se reúnem em torno deles e permite que possamos ler o presente à luz dos eventos passados e possamos fazer escolhas sábias”, observou.

Ainda sobre o fogo emanado sobre o amor de Jesus, Francisco explicou que os cardeais devem amar a Igreja em seus dois universos: no dia a dia, entre os menores, e também nas questões que envolvem “os grandes desse mundo”, como classificou.

O Pontífice centrou muito de seu discurso no papel diplomático exercido pelos cardeais — “a grande diplomacia e a pequena coisa pastoral, isto é o coração de um cardeal”, asseverou o Santo Padre diante dos novos cardeais.

O Papa, durante a cerimônia, elencou cada um dos novos cardeais que, seguindo a procissão, juraram fidelidade e obediência ao Papa e à Igreja Católica.

Ao final do rito de criação dos novos cardeais, o consistório seguiu para o voto de canonização do fundador dos scalabrinianos, João Batista Scalabrini, e do leigo salesiano, Artêmides Zatti.

Os nomes dos novos cardeais foram anunciados pelo Papa da janela do Palácio Apostólico durante o Angelus de 29 de maio, quando anunciou a criação de 16 novos cardeais aptos a votar em um futuro conclave e cinco com mais do que a idade limite de 80 anos, sendo pedido pelo papa na ocasião, para rezar por eles "para que, confirmando sua adesão a Cristo, possam me ajudar na meu ministério como Bispo de Roma para o bem de todo o santo povo fiel de Deus”.

Além dos três primeiros nomes curiais, previsíveis para o cargo, que são os prefeitos dos Dicastérios do Culto Divino e do Clero, juntamente com o presidente do Governatorato, a lista inclui origens da Europa, seis novos cardeais da Ásia, dois da África, um da América do Norte e quatro da América Central e Latina.

Quatro novos países estarão representados neste contexto: Mongólia, Paraguai, Singapura e Timor Leste. Além disso, há 7 religiosos, dos quais 5 são eleitores e 2 não eleitores. Assim, 3 novas famílias religiosas ingressam no colégio cardinalício: os eudistas, o Instituto Missioni Consolata e os legionários de Cristo. Os mais numerosos no Colégio dos Cardeais são os Salesianos, com dez representantes.

Confira os nomes dos novos cardeais:

Novos cardeais aptos a votar em um futuro conclave:

1. Arthur Roche, prefeito da Congregação para o Culto Divino;

2. Lazzaro You Heung-sik, prefeito da Congregação para o Clero;

3. Fernando Vérgez Alzaga, presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano e o Governatorato.

4. Jean-Marc Avelin, arcebispo de Marselha;

5. Peter Ebere Okpaleke, bispo de Ekwulobia, Nigéria;

6. Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus, Amazonas;

7. Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão, arcebispo de Goa e Damão, Índia;

8. Robert W. McElroy, bispo de San Diego, EUA;

9. Virgílio do Carmo da Silva; arcebispo de Timor Leste;

10. Oscar Cantoni, bispo de Como, Itália;

11. Anthony Poola, arcebispo de Hyderabad, Índia;

12. Paulo Cezar da Costa, arcebispo de Brasília;

13. Richard Kuuia Baawobr, arcebispo de Wa, Gana;

14. William Seng Chye Goh; arcebispo de Cingapura;

15. Adalberto Martínez Flores; arcebispo de Assunção, Paraguai;

16. Giorgio Marengo, missionário da Consolata e Prefeito apostólico de Ulan Bator, capital da Mongólia. Este purpurado tem 48 anos é o membro mais jovem do Colégio Cardinalício.

Novos Cardeais com mais 80 anos:

17. Jorge Enrique Jiménez Carvajal, arcebispo emérito de Cartagena (Colômbia);

18. Arrigo Miglio, arcebispo emérito de Cagliari, Itália;

19. Padre Gianfranco Ghirlanda, jesuíta, canonista e ex-reitor da Pontifícia Universidade Gregoriana;

20. Dom Fortunato Frezza, cônego de São Pedro no Vaticano.

Por fim, o cardinalato se reúne na segunda e terça-feira seguintes, dias 29 e 30 de agosto, respectivamente, para dois dias de aprofundamento do "Praedicate Evangelium"(nova constituição da Santa Sé) e, finalmente, na terça-feira, às 17h30, celebram a missa junto ao Papa Francisco na Basílica de São Pedro.